Cá entre nós
por Henrique Matos Ainda não se entende como ou porquê, só se sabe, aqui entre os que creram, que ele sabia. De um jeito muito simples, ele olhava e sabia. Hoje compreendemos, ele sabia porque amava. Mas, porquê amava, ninguém sabia. De um modo direto e muito humano. Era como se aquele simples olhar consolasse toda dor, seu toque sutil tirasse todo peso, sua voz calma penetrasse os lugares mais escuros da alma. Ele sabia tudo o que pensavam e sentiam, mas isso não trazia medo a ninguém, ao contrário, era o grande consolo e a certeza de que sim, ele era o Messias. E seu poder era transformador. Não era como o de um super-herói dos quadrinhos, que se concentra em uma pessoa e sonda o seu interior. Também não era como um robô da ficção científica que não vê carne ou sangue, somente imagens em dimensões digitais. Sim, ele era Deus, totalmente Deus. Mas aqui, cá entre nós, ele era homem, completamente homem. Vivendo entre homens, comendo com homens, dormindo ao lado de homens. Apenas homens