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De mudança

Amigos, Depois de quase cinco anos usando o serviço do Blogger, essa missão está de mudança. A partir de agora, todo o arquivo de mensagens estará nos servidores do WordPress. Para acessar: www.missaovirtual.com Abraços e obrigado pela estadia.

Pequenas lições

por Luiz Henrique Matos Até outro dia ela cabia no meu antebraço, seu tamanho exato. Hoje, eu mal consigo segura-la nos braços. Poucos meses se passaram mas muita coisa mudou. Na essência, é um ser humano em evolução tão intensa e mais rápida do que eu posso assimilar. Hoje mesmo, durante o café da manhã eu a observava brincando no chão da sala, deitada de costas sobre o edredom, assistindo pela qüinquagésima vez aos clipes do “Cocoricó” (cuja trilha, confesso, canto entusiasmado entre o barbear e um nó torto na gravata). - Como cresce rápido, não é mesmo dona? - Poizé. Num instante eles cresce. Igual a vida. Quando a gente vê, rapidim, tudo já passô (sic). Sotaque mineiro, analfabeta, cheia de razão, recolhia a louça de ontem espalhada sobre a mesa. Falou, é verdade, aquilo que todo mundo já sabe. Mas com o peso de setenta anos nas costas, filhos adultos, netos, um bebê adotado, viúva… imagino que suas histórias e lutas sejam interessantes. As dos antigos sempre são. Imagino que suas

Na falta do que dizer...

por Luiz Henrique Matos Faz umas quatro horas que estou tentando escrever algo aqui nessa tela. Já comecei quatro textos diferentes, esse é o quinto. Acho que agora vai. Acho. O último eu parei duas vezes. Na primeira, para dar a mamadeira para a Nina, que chorou lá do berço pedindo seu leitinho. Altíssima prioridade. Na segunda, também pela Nina, que resmungava os primeiros gemidos dando sinal de acordaria em breve. Pensei em deixa-la ali no berço, afinal já passam das onze e é hora de bebê estar dormindo. Mas não resisti. Olhei aquele rostinho, aquele olhar de quem acorda e ainda dorme me sondando, o sorriso banguela se construindo no rosto e a mãozinha vindo na direção das minhas bochechas. Ela me aperta. Mão macia. Mas precisa cortar as unhas. Ela pede colo. Peguei-a e vim para a sala brincar. Isso sim, mais importante do que qualquer palavra mal escrita numa tela de computador. Me veio à mente então uma pérola: mais importante do que as coisas passageiras que depois podem ser feit

Colos, cólicas, chavões e uma crônica de continuação

por Henrique Matos (Continuação da carta anterior) - Amor, vem cá! Aconteceu uma coisa estranha... Eram os primeiros minutos do dia 19 de março de 2007, madrugada de domingo para segunda-feira. Eu acabara de fechar a tela do computador onde escrevia minha última mensagem, falando sobre minha esposa, a beleza da gravidez e as pequenas surpresas que Deus nos faz. Já calçava os chinelos e me preparava para ir para a cama quando ouvi sua voz vindo lá do banheiro. "Coisa estranha", que raios seria isso? Corri para checar. A bem da verdade, estranho era ouvi-la falar assim. Vindo do banheiro, chamados mais comuns diziam respeito a "Amor, me traz a toalha?", "Por que você não abaixa a bendita tampa do vaso?" ou, tão comuns quanto, desesperos hitchcockianos que berravam "Henrique-corraqui-pelamordedeus-porque-tem-uma-mariposa-enorme-no-box!". Cheguei no banheiro, ela estava de pé em frente ao vaso, uma expressão curiosa naquele rosto meigo e o dedo apont

O amor, um calção e gestos primitivos (cinco minutos antes de minha vida mudar)

por Henrique Matos Lá fora na rua, um grupo festeja. Não sei o motivo, mas aqui quieto na sala de casa, dou risada ao imaginar que essa gente deve ser engraçada. Ouço as risadas, as palmas, a gritaria alegre de algumas pessoas reunidas e fico pensando que Deus tem uma pureza engraçada. Ele nos dá as melhores experiências e lições de vida justamente quando estamos desprovidos daquilo que tanto perseguimos para ser felizes. Afinal, quem é que precisa de mais do que uma gargalhada para entender uma porção da felicidade? Quem é que precisa de mais do que um escorregão para encontrar ensinamentos a respeito da vida? E percebo por essas, que o que mais atrai nas pessoas são justamente os gestos primitivos e tão naturais a nós. E percebo por outras, que necessidades vitais também estão na capacidade de rir, cantar, brincar um pouco, abraçar os amigos, comer à mesa com a família. Nos pequenos momentos que nos distraem daquilo que julgamos ser o que de fato importa, nem vemos que, ora bolas, o

As cegonhas não existem

por Henrique Matos - Os pais morrem de aflição quando se fala na limpeza do umbigo do bebê, mas é simples. Você deve segurar o pequeno pedaço do cordão e com uma haste de algodão embebida em álcool a 70%, limpar a base do umbigo fazendo um movimento circular e também ao redor num raio de dois centímetros... “Será que serei um bom pai?”, era o pensamento que me ocorria. Enquanto ela falava, eu anotava, tentava absorver tanta informação quanto me fosse possível, mas minha mente não conseguia fugir desse questionamento sem resposta. “Foco Henrique, foco!”. - O leite materno é fundamental. É incrível, a mãe produz um leite específico para nossa espécie. Nesse alimento estão todas as vitaminas que a criança vai precisar nos seis primeiros meses de vida. Por isso, mamães, é preciso estimular a produção de leite. O aleitamento é importantíssimo. Mas tudo funciona como uma fábrica, se acabar a demanda, acaba também a produção, o estoque seca. “Demanda, fábrica, produção... empresa. Vou consegu

À beira da cratera

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por Henrique Matos Sexta-feira, 12 de janeiro de 2007. Uma história real. - Corre! Corre! A gente precisa descer agora! - Ahn? Enquanto a gritaria e o pânico reinavam, meu gene mineiro prevaleceu e o sossego costumeiro me fez tirar metodicamente os fones de ouvido, ajeitar os fios sobre a mesa, fechar as telas do computador, afastar a cadeira, levantar devagar, pegar minhas coisas na gaveta e pensar se era realmente necessário tanta urgência e gritaria. “Isso é exagero, coisa de mulher...”, pensei na hora. Mas ainda assim resolvi seguir o fluxo e descer pelas escadas do prédio. Dezessete andares, rapidinho! E lá pelo décimo as minhas panturrilhas já doíam. No caminho, degrau por degrau, eu tentava entender a razão do alvoroço. Em cada lance de escadas uma nova multidão surgia pelas portas e se juntava ao fluxo gravitacional. Para baixo e avante! Os mais heróicos ajudavam os mancos. Os pacientes estimulavam os retardatários. Os apavorados passavam direto pelas frestas, “não pára, não pá

Todo o tempo do mundo

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por Henrique Matos Nesse exato momento percebo que há vinte minutos eu parei uma tarefa importantíssima, urgentíssima e atrasadíssima para seguir o impulso de escrever um texto. E então me percebo mais uma vez diante de um dos defeitos que menos gosto de ver em mim: falta de concentração. Como são quase todos os defeitos, esse também é daqueles que às vezes viram qualidade. Na contramão da minha dispersão exagerada, me sinto motivado em saber que minha lista de tarefas é maior do que o tempo para realiza-las. Apesar de começar tarde, dificilmente atraso. É justamente nessas horas que me supero (e espero que aconteça o mesmo hoje, com as tantas tarefas que deixei de lado para escrever esses parágrafos). E fico pensando (mas não por muito tempo porque senão eu perco a concentração): e se eu não tivesse mais prazo para realizar tantas coisas? E se os dias já não tivessem fim e todo o tempo me fosse dado para cumprir sonhos, planos e objetivos? E volto a pensar: mas não é assim que as cois

Momento de lucidez

por Henrique Matos Aquela vontade que não cessa. A vontade de seguir os conselhos dessa doce voz, de responder aos santos impulsos, de realizar o que de fato cremos como verdade e justiça. Mas, por que não faço? Por que não sou? É o desejo cru da santidade, de deixar cair a máscara do trabalho pelo dinheiro, de ver ruir o consumo desnecessário em que vivemos. É querer não querer aparecer e ser maior do que deveríamos. A angústia por não mentir, a incessante expectativa em não pecar, não desviar o olhar, não titubear no julgamento. É o querer pôr freio na língua e ter os passos retos. O caminho da retidão, da entrega, de viver aos pés das letras da Palavra que nos aconselha o amor verdadeiro ao próximo, tal qual o temos por nós mesmos. E é deixar tudo por esse amor, entregar a vida toda por aquele se entregou totalmente por nós. Viver para caridade, para as pessoas. Ajudar a curar suas feridas, liberta-los das prisões, vesti-los de sua nudez, guia-los na escuridão, auxilia-los em suas n

Caminho seguro

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por Henrique Matos Josafá! Se o nome não fosse tão feio eu o daria a um futuro filho (é claro que minha esposa não sabe disso). Mas o que me encanta nesse homem não é exatamente a beleza de seu nome (ou nesse caso, a falta dela), mas sua fé tão sincera. A frase registrada no livro de 2 Crônicas me inspira. Cercado por inimigos que vinham ataca-lo, esse rei orou: “pois não temos força para enfrentar esse exército imenso que vem nos atacar. Não sabemos o que fazer, mas os nossos olhos se voltam para ti”. E seu exército seguiu para o campo cantando músicas de adoração. Naquele dia, o povo de Josafá venceu a guerra sem precisar levantar uma espada. Ter os olhos em Deus. Não há batalha impossível ao seu lado, não há alegria completa sem a sua presença. Deus é Pai. Que cria, disciplina e ensina. Pai que estende a mão para levar seus filhos na direção certa. E de mãos dadas com ele, só assim, é que poderemos trilhar os seus caminhos. Faça-se o dia claro ou a escuridão da noite. Ponha-se o sol