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Mostrando postagens de setembro, 2005

João e o pé de...

por Henrique Matos Ainda hoje eu me lembro daquelas experiências. Não era preciso prática e nem tão pouco habilidade para se ver algo surpreendente, como num milagre. Na verdade, bastava que se plantasse... e via-se rapidamente o resultado. A receita, tão simples, envolvia muito pouco: um copo de plástico, um pedaço de algodão, alguns mililitros de água e dois pequenos feijões embalados no algodão. Esperava-se dois ou três dias e finalmente era possível ver aquele pequeno ramo verde, que na minha infância breve parecia crescido tal como uma (promissora) árvore. E esperando, eu pensava, se passassem mais uma semana ou duas, o copo seria destruído pela grandeza daquele meu pé de feijão, capaz de romper algodões, terras e tal como na história, me levar aos céus. E aí, talvez por isso, minha mãe não me deixava prosseguir na experiência que transformaria o mundo (bem, espero que você seja capaz de considerar essa inventividade infantil). Há pouco tempo – alguns minutos para ser exato – eu l

Daqueles dias

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por Henrique Matos Às vezes chego em casa cansado. Um dia duro de trabalho, trânsito na cidade, contas para pagar, preocupações que vêm à mente. E então, ao seu lado, não preciso dizer nada. Sei que ali eu descanso, esqueço e encontro a paz. Com você eu não preciso saber as respostas, não preciso ser herói, não preciso ser um adulto bem resolvido ou dessa gente que inventa qualquer assunto para o clima não ficar sem graça. Lembro, em alguns desses momentos, de palavras que ouvi em outras horas: “Às vezes, entre dois amigos, o silêncio já diz muita coisa”. É verdade. Eu só preciso dizer que não suporto o silêncio sem a sua presença. Tem momentos em que minha ansiedade me afoga, minha concentração passa longe e até parece que eu sou incapaz de terminar algo. A mente voa. Tenho dúvidas. Os sonhos ficam distorcidos, as certezas... bem, acho não tão certas assim. Cada passo em frente parece que pesa um pouco mais. E eu me encho das perguntas cujas respostas nunca soube. Mas, o que de mim vo

Analogias não bastam

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por Henrique Matos “Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração” (Romanos 12:12). Existem situações em que as ilustrações não resolvem. E também tampouco ajudam. São momentos que exemplos e gracejos são incapazes de retratar. Luzes no fim de túneis, Davis vencendo Golias, vales escuros sendo cruzados por valentes guerreiros, faróis reluzentes nos portos frente a penumbra solitária da noite. Não, nessas horas as parábolas nada refletem. Os versículos ecoam e soam apenas como afirmações frágeis de homens que não viviam, ah não, eles não poderiam estar passando por isso! Tampouco dizem algo qualquer uma das palavras escritas. As poesias e registros que florescem desses tais são tão somente exercícios e desabafos atrasados não ditos quando deviam. Momentos em que o mundo parece quieto e sentimos que mesmo os anjos apenas observam. Num suspiro, olhando à volta, notamos um tanto do gesto dos solidários que dedicam-se a consolar a dor, mas mesmo eles não podem

No olho do furacão

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por Henrique Matos Furacão Katrina. Está em todos os jornais do planeta. Até o momento em que escrevo, foram contados ao menos 200 mortos, milhares de vítimas e prejuízos estimados entre 25 e 100 bilhões de dólares. Segundo fontes, 80% de Nova Orleans pode estar destruída depois de a cidade ter ficado submersa. A maior parte das áreas afetadas está sem acesso a energia elétrica, telefonia, alimentos e água potável. A população pede socorro. Balneários foram cobertos por ondas de até oito metros de altura e em alguns pontos alagados o nível da água chegou a seis metros de profundidade. Todos tentam se proteger da ameaça iminente ao entrar na rota de devastação provocada pelo furacão mais caro da história. Furacões, por definição, são "tempestades ciclônicas com ventos muito fortes que se formam sobre os oceanos nas regiões tropicais" e podem ser classificados em graus de devastação que vão de 1 (para os mais brandos) a 5 (os mais cruéis e catastróficos). Eles são também nomead