Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2004

O troco

por Henrique Matos e Emmanuelle Burci “Não façais mal e o mal não existirá” (Leon Tolstoi) Assim como uma pequena chama na floresta pode se transformar em uma grande queimada, também um ressentimento guardado sem perdão pode, com o passar do tempo, tomar proporções gigantescas e destruir toda beleza naquela que antes era uma terra viva. O fogo mata o que antes era fértil, consumindo o verde reluzente e transformando-o em uma sequidão cinza. Para conter o fogo e impedir a destruição, é preciso esfriar a brasa e aprender a perdoar. Guardar ressentimentos só nos faz sofrer ver todo o resto de nossas emoções serem sugados. Uma segunda opção lógica seria revidar o golpe e fazer justiça com as próprias mãos, mas nesse caso, como no exemplo acima, seria apagar o fogo com mais fogo, seria jogar lenha em uma fogueira. Quando se fazemos um contra-ataque deixamos a posição de vítima e nos igualamos ao agressor. A idéia racional que temos de justiça é dar ao “pecador” uma pena que lhe faça lembrar

Coração novo

por Henrique Matos Ah, seu eu não soubesse o que é amor e fosse ainda um ignorante, leigo a respeito da Palavra e livre para o pecado. Caminharia em minha inocência, errando, errante pelo mundo, seguiria escravo sem saber de quê, crente na falsa liberdade e abundante dos manjares da carne. Ah, se Seu poder não me tivesse alcançado e meu coração cheio de sombras continuasse a não crer. Então eu não precisaria me arrepender, afinal nem saberia onde pequei, não deveria perdoar pois enfim me é prazeroso revidar o tapa que me ardeu a face e devolver com força a mentira, a traição e o ódio que preenche a alma. Ah, se Ele não tivesse vindo, Sua história me passasse oculta e meu entendimento permanecesse alheio à Sua verdade. Eu seguiria em meu rumo cigano, amando a vaidade, louco e insano, cheio de estupor e maldades planejadas. Ah, se esse mundo não fosse tão dividido e eu não precisasse tanto dessa porção, desse frasco, do carinho do Seu toque e o constrangimento de Teu amor. Poderia eu fic

Vamos ao zoológico!

por Henrique Matos "Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes" (1 Coríntios 1:27). Nove feridos e seis mortos, esse é o saldo de mendigos agredidos em São Paulo, brutalmente atacados com pancadas na cabeça. Os atos aconteceram durante a madrugada e, segundo depoimentos de testemunhas, um indivíduo trajando roupas pretas fora o responsável pelos ataques a moradores de rua no centro da capital. A polícia investiga, a população se indigna e os moradores de rua protestam. Já há anos eles protestam, mas nada se ouve, eles são mudos, nada se vê, eles são os seres invisíveis que "deletamos" em nossa rotina cotidiana da grande metrópole. Agora sim, porque foram agredidos, as autoridades se interessam em abriga-los em albergues que sempre existiram, mas de portas fechadas aos "seres invisíveis". Agora sim, a imprensa se comove em mostrar o rosto daqueles que por vergonha,

Homens das cavernas

por Henrique Matos "As cavernas não são o lugar oportuno para melhorar o estado de ânimo. Existe certa mesmice entre todas elas, não importa em quantas você tenha dormido. Escuras. Úmidas. Frias. Bolorentas. Uma caverna se torna pior ainda quando você é o seu único habitante..." (Gene Edwards no livro "Perfil de Três Reis", p. 39). Quem já esteve em uma caverna entende o que o autor quer dizer. Não há nada de aconchegante naquela rocha, são locais cheios de infiltrações, irregularidades, insetos em suas cavidades, um ambiente gélido e desconfortável. Algumas não têm mais do que poucos metros de profundidade, já outras são tão extensas que mal se pode chegar ao seu fim. Definitivamente, não são lugares onde um homem possa viver em paz. Exalam a solidão, exaltam os ruídos com ecos espantados rasgando o silêncio assustador e as frias trevas em seu interior não são estímulos para a paz de espírito. Uma caverna não é um lugar para se estar sozinho. Em uma rocha dessas, e

Nome sujo

por Henrique Matos Luiz Henrique de Oliveira Matos, é assim que fui batizado. Desde a gravidez de minha mãe, meus pais me tornaram conhecido aos parentes e amigos por este nome. Passados os anos, ainda não faço idéia da origem do título, me soa um tanto luso, pela semelhança e pelo parentesco, mas ora pois, não sei bem de onde vem. Nesse aspecto, gosto de observar os hábitos dos antigos, que davam aos filhos nomes que de fato, tivessem algum significado. Assim faziam os índios, as tribos primatas e os hebreus. Consultando as Escrituras percebemos que cada nome tem o seu significado e esse tem ligação direta com a vida de seu dono. A título de exemplo vemos que Abraão quer dizer ‘pai de muitos’, Assuero significa ‘homem poderoso’, Malaquias é ‘mensageiro do Senhor’, Jotão é ‘o Senhor é perfeito’ e Timóteo quer dizer ‘que honra a Deus’. São nomes muito bonitos, fortes e cheios de significados, mas que sinceramente, eu não daria a nenhum de meus filhos. Mas existem também os nomes cujos s

Tudo se cria

por Henrique Matos (7º e último texto da série "Plantar e Colher - Princípios Bíblicos") O ser humano é um espécime engraçado. Somos os únicos dotados da capacidade de raciocinar, um privilégio dado por Deus, mas de certa forma - como tudo o que é de graça - desprezamos essa bênção com um escape um tanto esquisito. Alguns estudos revelam que o cérebro humano é capaz de adaptar-se facilmente a algo que chamamos de "rotina". Ele é auto-suficiente para não nos fazer pensar muitas vezes na mesma coisa. Aquela sensação de que a cada ano os dias passam mais depressa ou a impressão estranha ao chegar em casa do trabalho e nem perceber o percurso que fizemos, trata-se de uma reação cerebral para não gastarmos novamente a mesma força, ou seja, se já fizemos algo outras tantas vezes, nosso cérebro otimiza suas funções e faz parecer que não as temos vivido. Pois existe uma má notícia nisso: se cada vez mais os dias parecem "voar", isso é sinal de que temos feito todo