Todo o tempo do mundo

por Henrique Matos



Nesse exato momento percebo que há vinte minutos eu parei uma tarefa importantíssima, urgentíssima e atrasadíssima para seguir o impulso de escrever um texto. E então me percebo mais uma vez diante de um dos defeitos que menos gosto de ver em mim: falta de concentração.

Como são quase todos os defeitos, esse também é daqueles que às vezes viram qualidade. Na contramão da minha dispersão exagerada, me sinto motivado em saber que minha lista de tarefas é maior do que o tempo para realiza-las. Apesar de começar tarde, dificilmente atraso. É justamente nessas horas que me supero (e espero que aconteça o mesmo hoje, com as tantas tarefas que deixei de lado para escrever esses parágrafos).

E fico pensando (mas não por muito tempo porque senão eu perco a concentração): e se eu não tivesse mais prazo para realizar tantas coisas? E se os dias já não tivessem fim e todo o tempo me fosse dado para cumprir sonhos, planos e objetivos?

E volto a pensar: mas não é assim que as coisas são?

Estou espantado em notar que essa é uma realidade cada vez mais próxima na curta vida que temos nessa terra. Num ímpeto escatológico, fico a interrogar: como é que vou me virar quando estiver no céu, com toda a eternidade diante de mim? Não haverá tempo, começo ou fim, datas... o que faremos então?

Cá entre nós, não acho que no dia em que bater as botas – e vá lá, as asas –, acordarei diante de Deus, com uma túnica branca, cabelo encaracolado, a capacidade automática de administrar o tempo (que tempo?) e habilidades musicais instantâneas para tocar harpa. Bom, a menos que exista algum estágio preparatório ou um programa de integração para iniciantes.

A verdade é que não consigo conceber direito a idéia de eternidade porque essa nunca me soa natural. Isso, ao mesmo tempo em que acredito que pensar em uma vida finita seja tão doloroso para todos nós justamente porque somos frutos eternos.

Talvez por isso, Jesus tenha dito o célebre “basta a cada dia o seu próprio mal” no sermão em que tratou sobre a ansiedade do homem no dia-a-dia (Mateus 6). Temos coisas mais importantes a fazer!

Qualquer tempo pode ser curto quando visto sob a ótica da brevidade da vida terrena, mas posto em comparação à eternidade, não experimentamos nada. Diante do eterno esse pequeno fragmento de vida natural é todo o tempo que temos para plantar e regar os frutos que colheremos para sempre.

Pois é, preciso me organizar. Ou deixarei para realizar minhas grandes obras quando o tempo já for curto demais. Quer dizer, como lá sei eu quanto tempo ainda tenho?

E você, como você vai aproveitar os poucos anos que lhe servirão para abrir as portas da eternidade?

Bem, tudo começa com uma escolha...

Comentários

Anônimo disse…
Olá bom dia.
Venho passando por aqui para desejar um rico Natal e um Prospero Ano Novo,
Com muitas bênçãos do nosso Sr. Jesus Cristo.

Desde já me despeço de ti, e desejo muitas felicidades.

Caro Irmão será que me pode adicionar no seu blog o meu link para que o meu blog possa cada vez ser mais visto.
Será que posso link o querido Irmão no meu.

Felizes Natal
E
Bom Ano 2007.
Leonardo disse…
Refletindo sobre o texto....
Ai, sem tempo....
Amanhã último dia de descanso....
Deixe-me correr aqui....
Abs e fique com Deus.

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