A Criação

por Henrique Matos

Desde criança aprendemos na escola os princípios científicos para a explicação do surgimento do mundo. O Big Bang, a Evolução, a pré-história, teorias que a cada dia têm sido reorganizadas pela ciência, que tenta encontrar formas para explicar o que foi o "princípio".

Nessa mesma linha nós, homens, em nossa razão e tentativa exacerbada de compreender o imcompreensível, crescemos buscando de todo jeito uma justificatíva inteligível para a origem da espécie que não seja pela história de Gênesis. A grosso modo, nos parece difícil demais o ato simples de fechar os olhos e acreditar, ter fé no que nos diz a Bíblia e crer na palavra de nosso Senhor. Preferimos em grande parte, dedicar nosso tempo procurando o motivo da existência humana na ciência.

Na verdade, até hoje os cientistas não souberam afirmar de forma concreta de onde nos originamos, existem estudos dentro da ciência, os chamados "complexos", que apesar das inúmeras teorias a respeito, não são válidos integralmente e ainda não são compreensíveis e comprováveis. O que é difícil admitir no campo científico é que talvez nunca sejam.

Bom, alguém deve estar se perguntando se estou em crise de personalidade e questionando minha fé. Nada disso, esse é um blog com príncipios e propósitos cristãos e de forma alguma existe outro tipo de versão de nossa história que não a contada pelo nosso próprio Criador. Mas esse é um espaço dedicado a um melhor entendimento da Bíblia e edificação de nossa fé e muitas vezes para fazê-lo é necessário expor algumas teorias que nos cercam, mesmo que não sejam cristãs.

O fato é que hoje eu estava lendo a coluna do jornalista Hélio Schwartsman na Folha Online publicada no último dia 22, chamada "Bactérias e Homens". Ele relata sobre os avanços da ciência na comprovação da Teoria da Evolução de Darwin e nas descobertas comprobatórias das chamadas "falhas" que havia nessa teoria. O tal avanço é que alguns cientistas fizeram estudos com organismos criados em computador e a partir de algumas simulações descobriram a forma como eles evoluem através de mutações (você vai entender melhor lendo o próprio artigo). Schwartsman não acredita na criação como nós sabemos que ela se deu. Ele se baseia em uma ótica científica e racional para afirmar suas teorias. Mas o ponto de discussão aqui não é sua opinião e sim assunto que ele expõe.

Existe desde muito tempo um antagonismo muito claro entre a ciência representada pela teoria de Darwin e a igreja, fundamentada sobre a afirmação biblica (assim, somos chamados pelos cientistas de criacionistas). Mas o que o jornalista critica não é o "criacionismo" em si, mas uma linha de pensamento denominada neocriacionista, que defende um raciocínio entitulado Design Inteligente (também citado em artigo anterior do mesmo colunista, leia aqui), pelo qual o mundo foi concebido por Deus, mas não descartam as afirmações científicas como a complexidade da formação animal, a "idade" do planeta (que teria 4,6 bilhões de anos) e a formação biológica. Em resumo, uma mistura entre Darwin e a Genêsis.

Pessoalmente (se isso interessa), concordo apenas com uma afirmação de Schwartsman a respeito do Design Inteligente em que diz: "A fé se fundamenta no milagre, e todo milagre implica a negação de leis naturais. Quando entra o milagre, sai a ciência." E mais adiante: "Quando Deus quer, as leis da natureza deixam de valer." - essas declarações estão em um outro artigo, chamado "Por trás das aparências"). Concordo não por simples e pura opinião, mas parto do que diz a Bíblia em diversas passagens quando nesta lemos que Deus nos criou e nos formou e que não temos controle sobre nossa sorte (veja o Salmo 139 por exemplo).

Mas creio também que não seria correto apresentar uma única idéia ou teoria (apesar de a Bíblia nos bastar como conclusão). O colunista cristão Arno Frose, em seu artigo "Cientistas continuam a crer em um Deus criador" para o site cristão Aleluia usa a passagem de Romanos 1.19 e 20 para mostrar que não é errado o homem tentar compreender que Deus fez os céus e a terra. Veja os versículos: "porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas. Tais homens são por isso indesculpáveis".

A partir da visão de Frose, não há problema em explicar as descobertas científicas como sendo a manifestação do poder de Deus. Mas particularmente imagino esses estudos não devem ser nossa base, ou seja, se colocamos alguma comprovação racional como condição de nossa crença, estamos também colocando um "elo" mundano na nossa relação com Deus, e isso é errado.

Num terceiro ponto, paralelo ao que relata Schwartsman, também surgem a cada dia, descobertas arqueológicas riquíssimas comprovando as histórias e acontecimentos bíblicos (como os pergaminhos datados do ínicio do primeiro milênio, os tijolos do castelo de Nabucodonosor recentemente encontrados por um brasileiro ou a arca com o ossuário de um homem, que supostamente seria Tiago achada no ano passado). Mas me preocupa saber que nos apegamos mais a essas provas do que à razão de nossa existência, que é o poder de nosso Senhor.

Não é em nenhum dos pontos apresentados nos artigos que quero me fundamentar. Gostaria que nossa crença fosse independente de comprovações ou testificações humanas. Em Hebreus 11.3 lemos que "Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente." Veja bem, pelo invisível fez-se o visível e não o contrário. Entendamos que, de uma vez por todas, não é pelo nosso ponto de vista humano, carnal e racional que poderemos enxergar as coisas, mas ao contrário disso, só poderemos ver e viver a verdade quando nos abstivermos dessa falsa realidade e nos entregarmos em confiança aos planos e propósitos de Deus, que como já foi dito por Jó (Jó 5.9) são "inescrutáveis e maravilhosos".

Tenhamos como princípio, sempre, a fé em nosso Senhor, somente isso. As explicações, contradições e entendimentos mundanos ou espirituais são meramente tentativas nossas, humanas, para colocar Deus dentro de uma redoma e interpretar suas intenções. E isso, de forma alguma vai nos tornar mais intimos de nosso Pai celestial, pelo contrário. Para tanto, nos basta oração, leitura da Bíblia e comunhão com nossos irmãos. Você quer arriscar?

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