Mas cuidado, não machuquem meu filho...

por Henrique Matos

Antes de iniciar, é necessário que repassemos uma passagem bíblica. O trecho é de 2 Samuel, dos capítulos 13 a 19, que conta a história de Absalão, filho do rei Davi.

O texto começa contando a história de Amnon e Tamar (irmã de Absalão), ambos filhos de Davi, só que de mães diferentes. Amnon sente-se atraído por Tamar. Em certa altura a força a deitar-se com ele e em seguida a rejeita. Absalão, sabendo da tragédia, mata Amnon e foge de Jerusalém ficando por três anos longe de casa. Seu pai fica desolado.

Absalão revolta-se, e por quatro anos organiza um exército com o objetivo de tomar o trono. Certo dia envia seus homens às tribos dizendo: “Quando ouvirem o som das trombetas, anunciem: ‘Absalão reina em Hebrom’”. Assim foi conquistando o povo de Israel, até que já era anunciado como rei. Sabendo do que acontecera, Davi e seus homens fogem com receio de morrer. Absalão toma Jerusalém.

Não satisfeito trama um jeito de matar Davi, mas um servo do rei ouvindo o que estava sendo planejado o avisa. Davi foge novamente, organiza seu exército para a batalha mas dá um recado muito claro a seus homens: “E o rei deu ordem a Joabe, a Abisai e a Itai, dizendo ‘Tratai brandamente, por amor de mim, o mancebo Absalão’” (2 Samuel 18.5a.). Saem então os homens de Davi e derrotam o exercito de Israel.

Durante a batalha, Absalão segue montado num mulo mas enrosca-se em uns galhos de carvalho, o animal então vai embora e ele fica ali pendurado. Vendo isso, um dos servos de Davi avisa a Joabe, que toma três dardos e traspassa o coração de Absalão. Depois disso, dez jovens soldados o ferem e matam (contrariando a ordem de Davi).

Davi está em seu acampamento quando vê chegar o mensageiro que o informa sobre o fim da batalha. Ele pergunta sobre seu filho mas esse não sabe lhe responder. Outro mensageiro chega e Davi mais uma vez pergunta sobre Absalão e esse responde que assim como todos os inimigos do rei, ele morrera. E a Bíblia diz que “a vitória se tornou em tristeza”.

- o -

Agora sim podemos entrar no assunto dessa mensagem.

Repare que além de todas as preocupações com seu reino, Davi preocupou-se primeiramente com a vida de seu filho Absalão. Não importava para ele o que o rapaz tramou contra sua vida. Seu filho, sangue de seu sangue o traiu e perseguiu com o intento de matá-lo e ainda assim ele o amou.

Em outra passagem, a Bíblia nos diz que Davi foi um homem “segundo o coração de Deus”, ou seja, ele tinha intimidade suficiente com o Senhor para viver segundo a Sua vontade. Pensando dessa forma, vejamos por um instante o coração de Davi. Ele amou o seu filho acima de toda maldade ou rebeldia que ele possa ter demonstrado. Ele pediu a seus homens que por amor a ele, não maltratassem seu filho. E chorou quando soube que ele morreu.

Maior do que a vitória sobre um exército rebelado, maior do que voltar ao trono em Jerusalém como rei sobre Israel, era a tristeza de um pai pela morte de seu filho.

Veja bem, a chave dessa reflexão não está na guerra, no trono, na batalha, mas está sim, no amor. Veja que acima de todo mal que possa haver nesse mundo e de toda rebeldia que possa haver no coração do homem, há um PAI que olha com carinho para Seus filhos e pede a seu exercito que cuide bem deles.

Quando o pecado em nossas vidas abre as portas para morada do inimigo, Deus vê nossos corações como Davi viu Israel ser dominada pelo exercito adversário de forma gradativa. Quando tiramos de nossas vidas o Rei que governa, permitimos que o traidor tome nossa Jerusalém (coração) e comece a destruir a obra que o Pai havia edificado. Então escancaramos as portas da cidade para mal.

Mas se resta uma janela, uma pequena fresta para que o Rei volte a governar (e isso vem pelo reconhecimento de nossos erros), então o Senhor ordena a Seu exército que venha, derrote o inimigo e tome novamente aquele que Lhe pertence. Mas Ele sempre ressalva “tome cuidado, trate bem do Meu filho”.

Para o Pai amoroso, de nada adianta derrotar todo principado e potestade que tem nos dominado, se Ele não pode ter de volta as nossas vidas em Suas mãos. Se pertencemos a Deus, somos Sua terra, somos Seu reino e nossas vidas serão preenchidas e governadas por Ele.

Abramos as portas dos nossos corações para a morada maravilhosa do Rei e vamos experimentemos tempos grandiosos de bênçãos e alegria, vivendo segundo o Seu coração.

Postagens mais visitadas deste blog

O amor, um calção e gestos primitivos (cinco minutos antes de minha vida mudar)

Minha religião não permite

De mudança