Nome sujo

por Henrique Matos

Luiz Henrique de Oliveira Matos, é assim que fui batizado. Desde a gravidez de minha mãe, meus pais me tornaram conhecido aos parentes e amigos por este nome. Passados os anos, ainda não faço idéia da origem do título, me soa um tanto luso, pela semelhança e pelo parentesco, mas ora pois, não sei bem de onde vem.

Nesse aspecto, gosto de observar os hábitos dos antigos, que davam aos filhos nomes que de fato, tivessem algum significado. Assim faziam os índios, as tribos primatas e os hebreus. Consultando as Escrituras percebemos que cada nome tem o seu significado e esse tem ligação direta com a vida de seu dono.

A título de exemplo vemos que Abraão quer dizer ‘pai de muitos’, Assuero significa ‘homem poderoso’, Malaquias é ‘mensageiro do Senhor’, Jotão é ‘o Senhor é perfeito’ e Timóteo quer dizer ‘que honra a Deus’. São nomes muito bonitos, fortes e cheios de significados, mas que sinceramente, eu não daria a nenhum de meus filhos. Mas existem também os nomes cujos significados são tão pouco interessantes que nem precisariam ter um. Veja alguns exemplos e tente entender o que se passava na cabeça dos pais desses coitados: Esaú quer dizer ‘peludo’, Nabote é ‘frutas’, Finéas é ‘boca de serpente’ e Filipe se resume a ‘amante de cavalos’.

* * *

Hoje em dia, temos também a nossa preocupação com o nome. Não exatamente o significado, como faziam nossos antepassados, mas com o seu ‘valor’. Nosso nome é a propriedade que temos e pela qual zelamos. Um ‘nome sujo’ na praça pode significar o impedimento ao se abrir uma conta corrente, ao conseguir crédito para uma compra, a perda de propriedades e até a impossibilidade de se conseguir um emprego registrado.

O que caracteriza um nome sujo? Dividas.

Deixar de pagar um título e deixar voltar o cheque estão entre algumas das razões. Estar em dívida significa necessariamente estar em falta com alguém. E para ‘limpar o nome’ é preciso seguir alguns passos (muito mais complicados e lentos do que o que fizemos para suja-lo): Perceber que estamos errados e reparar o erro (pagar). Se não fizermos isso, nosso nome certamente constará no registro de inadimplentes e essa falta nos seguirá cada vez mais nos arquivos de órgãos financeiros privados e federais.

E uma dívida leva a outra. Para cobrir um rombo, faz-se outro na terra farta das financiadoras e então surgem sabe-se lá de onde, juros e mais juros a serem pagos e essa maldição perdura por tempos e tempos.

* * *

Há pouco mais de dois mil anos, toda a humanidade vivia em dívida. Um dia, lá no início, Adão estourou sua conta e pela primeira vez, desobedeceu a ‘regra’. E então, por séculos, toda a descendência do homem continuou a cometer infrações e prosseguir em errar, errar, errar e errar. Escravos de um devorador que nos mantinha presos às suas regras e estratégias destrutivas, afundamos no buraco negro sem qualquer chance de sair dali. Senão por um milagre!

Então, surpreendentemente, surgiu um homem, ou melhor, o Filho do Homem e pagou a nossa dívida - “Vocês foram comprados por alto preço” (1 Coríntios 6.20) – com seu sangue Ele nos livrou da escravidão da morte e nos libertou para a vida eterna. Ele limpou o nosso nome e de placa, o nosso coração.

E apesar do altíssimo preço pago Ele nada cobrou, mas ao contrário, o fez de graça. “E, se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça” (Romanos 11.6). E graças a Deus, desde então é possível que nos cheguemos aos Seus pés e O adoremos por isso que fez.

Não quer dizer que somos filhos obedientes. Sem juízo, continuamos a errar e soltar aqui e ali os nossos ‘borrachudos’ e com isso, pecamos contra os mandamentos de Deus e formamos outras dívidas. Mas – oh glória! – Ele também pensou nisso e nos permite recobrar nosso crédito com um simples e único gesto: chegar a Ele e pedir perdão.

É com Ele, somente com Ele a nossa dívida. E o processo para ‘limpar o nosso nome’ não muda, devemos: reconhecer que erramos e deixar de pecar. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.9).

Agora, uma pergunta: porquê é tão difícil reconhecer que erramos? A Bíblia descreve todos os erros e nos dá parâmetro para saber o que são pecados. Deus nos diz que seremos perdoados sempre que, de coração, nos arrependermos. E mais do que isso, diz também apagará esse pecado: “Sou eu, eu mesmo, aquele que apaga suas transgressões, por amor de mim, e que não se lembra mais de seus pecados” (Isaías 43.25).

As misericórdias do Senhor renovam-se a cada manhã, a cada nascer do dia, nasce também a graça, o poder e o amor eterno de Deus. Não precisamos fugir e desviar o olhar, mas prostrados, chegar diante dEle prontos para sermos apedrejados pela acusação maligna e ouvir Sua doce voz a dizer: “Nem eu também te condeno. Vai, e não peques mais” (João 8.11).

Comentários

Leonardo disse…
O Layout está ótimo, e o último texto...falei prá vc que não mais te elogiaria. Abs! God bless you!

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