Reforma



Na última terça-feira, 31 de outubro, alguns cristãos comemoraram os 489 anos da Reforma Protestante. Um pouco do que penso sobre isso, li no texto de um dos pastores da minha comunidade. O artigo "Marteladas em Wittemberg" (na íntegra, logo abaixo) fala sobre a Reforma. É sincero e é, para mim, uma verdade que admiro.

Marteladas em Wittemberg

Na próxima terça-feira, o mundo protestante comemorará 489 ano do início da Reforma. Segundo a tradição, em 31 de outubro de 1517 Martinho Lutero, monge agostiano e professor de Teologia, afixou na porta da capela universitária de Wittemberg suas 95 testes, nas quais criticava o sistema penitencial católico, especialmente a venda de indulgências. De acordo com pesquisas recentes, é bem provável que esse evento (as "marteladas em Wittemberg") seja ummito criado posteriormente. Não há provas de que Lutero de fato pregou suas teses na porta da capela; mas temos a certeza de que, pouco depois dessa data, as teses foram impressas e amplamente divulgadas nos principados alemães, provocando a revolução religiosa que dividiu o cristianismo ocidental.

Comemorar a Reforma, só de olhos e ouvidos abertos. Como estudioso da primeira metade do século XVI, cada vez fico mais convencidode que divisão radical da cristandade poderia ter sido evitada; e que, se não foi, isso se deveu em parte a razões de natureza política. Deixando de lado essa discussão, o que há para comemorar hoje? Acima de tudo, o fato de que mais do que nunca nos últimos quinhentos anos, hoje as posições católicas e portestantes encontram-se muito próximas. Na década de 1950, o teólogo católico Hans Küng defendeu sua brilhante tese de doutoramento, na qual mostrou não haver divergência entre o ensino sobre a justificação pela fé, conforme defendido pelo maior deólogo reformado do século XX (o suíço Karl Barth) e o ensino católico sobre o mesmo tema. Há poucos anos, uma comissão mista, formada por teólogo católicos e luteranos, produziu um documento no qual afrimava que as perspectivas católicas e luteranas coincidem essencialmente acerca desse mesmo assunto.

Para ver, é preciso abrir os olhos. Enquanto continuarmos a celebrar ideologiamente a "Reforma" como justificativa da divisão da cristandade, perderemos de vista que o objetivo principal dos primeiros reformadores não era a divisão. Melhor celebrar a Reforma pensando que, num futuro muito próximo, católicos e protestantes poderão dar passos cada vez mais significativos na direção da unidade. Trata-se de um dever que, como cristãos, temos diante do mundo numa era de divisões.

Rui Luís Rodrigues é pastor da Comunidade Carisma.

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